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16 setembro 2005

DIÁRIO DE UM CÃO
1ª semana
Hoje completei uma semana de vida. Que alegria ter chegado a este mundo!

1 mês
A Minha mãe cuida muito bem de mim. É uma mãe exemplar!

2 meses
Hoje separaram-me da minha mãe. Ela estava muito irrequieta e, com seu olhar, disse-me adeus. Espero que a minha nova "família humana" cuide tãobem de mim como ela o fez.

4 meses
Cresci rápido, tudo me chama a atenção. Há várias crianças na casa e paramim são como "irmãozinhos ". Somos muito brincalhões, eles puxam-me o rabo e eu mordo-os na brincadeira.

5 meses
Hoje deram-me uma bronca. A minha dona ficou incomodada porque fiz xixidentro de casa. Mas nunca me haviam ensinado onde deveria fazê-lo. Além doque, durmo no hall de entrada. Não deu para aguentar

8 meses
Sou um cão feliz! Tenho o calor de um lar; sinto-me tão seguro, tãoprotegido... Acho que a minha família humana me ama e me dá muitas coisas.O pátio é todinho para mim e, às vezes, excedo-me, cavando na terra como meus antepassados, os lobos quando escondiam a comida.Nunca me educam... Deve ser correcto tudo o que faço.

12 meses
Hoje completo um ano.Sou um cão adulto. Os meus donos dizem que cresci mais do que eles esperavam. Que orgulho devem ter de mim.

13 meses
Hoje acorrentaram-me e fico quase sem poder movimentar-me onde tem um raiode sol ou quando quero alguma sombra. Dizem que vão-me observar e que sou umingrato. Não compreendo nada do que está a acontecer.

15 meses
Já nada é igual... moro na varanda. Sinto-me muito só. A Minha família jánão me quer! Às vezes esquecem-se que tenho fome e sede.Quando chove, não tenho tecto que me abrigue...

16 meses
Hoje tiraram-me da varanda. Estou certo de que a minha família me perdoou.Eu fiquei tão contente que pulava com gosto. O meu rabo parecia umventilador. Além disso, vão levar-me a passear!! Dirigimo-nos para a estrada e, de repente, pararam o automóvel. Abriram a porta e eu desci feliz,
pensando que passaríamos o nosso dia no campo. Não compreendo porque fecharam a porta e se foram."Ouçam, esperem!" Ladrei... esqueceram-se de mim... Corri atrás do carro com todas as minhas forças. A minha angústia crescia ao perceber que quaseperdia o fôlego. Eles não paravam. Haviam-me esquecido!

17 meses
Procurei em vão achar o caminho de volta ao lar. Estou só e sinto-me perdido! No meu caminho existem pessoas de bom coração que me olham comtristeza e me dão algum alimento. Eu agradeço-lhes com o meu olhar, desde ofundo da minha alma. Eu gostaria que me adoptassem: seria leal como ninguém!Mas apenas dizem: "pobre cãozinho, deve ter-se perdido."

18 meses
Um dia destes, passei perto de uma escola e vi muitas crianças e jovens comoos meus "irmãozinhos" aproximei-me de um grupo e um deles, rindo, atirou-me numa chuva de pedras "para ver quem tinha melhor pontaria". Uma dessaspedras, feriu-me o olho e então,não vejo com ele.

19 meses
Parece mentira. Quando estava mais bonito, tinham compaixão de mim. Já estou muito fraco; meu aspecto mudou. Perdi o meu olho e as pessoas mostram-me avassoura quando pretendo deitar-me numa pequena sombra.

20 meses
Quase não posso mexer-me! Hoje, ao tentar atravessar a rua por onde passam nos carros, um acertou-me! Eu estava no lugar seguro chamado "calçada ", masnunca esquecerei o olhar de satisfação do condutor, que até se vanglorioupor acertar-me. Oxalá me tivesse matado!Mas só me deslocou as patas traseiras! A dor é terrível!As Minhas patas traseiras não me obedecem e com dificuldade arrastei-me atéa relva, na beira do caminho. Faz dez dias que estou embaixo do sol, dachuva, do frio, sem comer. Já não posso mexer-me!A dor é insuportável! Sinto-me muito mal, fiquei num lugar húmido e parece que até o meu pêlo está a cair. Algumas pessoas passam e nem me vêem; outrasdizem: "não te chegues perto!" Já estou quase inconsciente; mas alguma força";
estranha me faz abrir os olhos. A doçura de sua voz fez-me reagir."Pobre cãozinho, olha como te deixaram", dizia... com ela estava um senhorde avental branco. Começou a tocar-me e disse:"Sinto muito senhora, mas este cão já não tem remédio. É melhor que pare de sofrer".A gentil senhora, com as lágrimas rolando pelo rosto, concordou.Como pude, mexi o rabo e olhei-a, agradecendo-lhe que me ajudasse adescansar. Somente senti a picada da injecção e dormi para sempre, pensando nem porque tive que nascer se ninguém me queria.

Amigos, a solução não é abandonar um cão na rua mas sim educá-lo.Não transformem em problema, tão grata companhia. Abram a consciência dos ignorantes, e assim podemos acabar com os maus tratos aos animais, especialmente com o problema de cães e gatos de rua.);

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